Semana santa (!?)
A semana teve pouco de santa. Santa entendida como calma, pacífica, justa. Em quatro dias podem viver-se semanas e há aqueles dias em que cabem anos de entrega e dedicação ou segundos de perda e desilusão.
Preocupantemente perto de nós há gente que se explode em nome de um Deus que não poderia nunca pedir tal. Deus, em todas as suas formas, até na ateia, nunca seria um ente vingativo e desprovido de humanidade que carnificasse inocentes quase tão simplesmente “porque sim”.
À nossa volta, mais perto ou mais longe, há quem ame na presença da distância, quem não ame presencialmente, quem há muito deixou de questionar para onde o amor foi. Há quem prossiga o dia a dia com a dor de uma perda irreparável, de uma mágoa lancinante, porque se é forte e coisas más acontecem a quem é bom. Há quem se veja perdido com as contingências que lhe são impostas por outros. Há quem seja simplesmente resiliente e viva.
Felizmente, há também quem esteja de férias, quem alivie os ombros do fardo da mochila carregada de incertos e esperançosos sonhos futuros e simplesmente sorva o tempo avidamente.
Há quem tenha trabalhado, há quem descanse, há quem tudo documente e publicite no privadíssimo diário facebokiano, há quem sofra em silêncio, quem se anule, quem se eleve, quem, quem e quem…
Oscilamos da euforia à consternação total em nano segundos, numa hiperatividade de acontecimentos sociais e pessoais que nos extenuam, sugam vida, injetam felicidade, inspiram o cérebro. Para ela a semana, de quatro dias, foi algumas destas coisas e muitas de outras. O mundo está estranho! Que amanhã, sexta, seja tudo um pouco mais santo, calmo, pacífico e justo! Para todos! São os votos pascais dela!