Prometo!

24-05-2015 21:20

    Estes dias ela reviveu momentos vividos há anos, muitos já, na sua vida. Foi, com muitas outras pessoas, acompanhar mais um homem bom à sua “eterna morada”. Não, ela nem gosta destes eufemismos, é mais prosaica a falar. Mas hoje vai dizer isto assim, para acreditar que nem tudo acaba ali. Não conheceu este homem pessoalmente mas a avaliar pela doce e excelente pessoa que é a sua filha, sua amiga, só podia ser isso mesmo: um homem bom.

    A nossa vida é repetitiva, os acontecimentos dão-se, a alegria ou o pesar que nos causam manifestam-se, entranham-se, acomodam-se algures no nosso corpo e alma e ciclicamente voltam a alegrar, a doer.  E a ela doeu de novo, sempre. No dia seguinte foi ao cemitério “dela”, onde se esforça por ir com regularidade. Limpou a campa do pai, colocou flores, emocionou-se a olhar a campa, recordou e voltou para casa onde chorou um pouco de saudade. E pensou muito nisto. Não vai ao cemitério todos os sábados, apesar de ter essa intenção. Neste porque tem algo marcado, naquele porque é mais um dia a levantar cedo, noutro porque não está perto. O pai já não sabe se ela lá vai ou não. Ou saberá? Mas é a única coisa que ela pode fazer, além de continuar a recordá-lo. E de vez em quando tenta recordar a sua face e ele não lhe aparece logo! E ela sente-se mal, má filha! De uma forma estranha, cinematográfica, o ir ao cemitério conforta um pouco, a ela pelo menos, parece que se está mais perto! Ilusão, sim, ela sabe disso, ele está no coração dela, onde é eteno.

    E continuando nestas considerações mais um pouco recorda a mãe, que não consegue visitar todos os dias, que devia visitar mais vezes! Devia dizer-lhe que a ama, fazer-lhe mais companhia, preservá-la mais, acarinhá-la aqui, onde podemos falar uns com os outros. E às irmãs, aos sobrinhos, a todos de quem gosta. Ao filho, dizer-lhe muitas vezes que o ama, admira!

    Todos sabemos que nada, ninguém é eterno! Mas eternizamos os nossos problemas, as nossas desculpas, as nossas coisas extremamente capitais a serem feitas no dia a dia, em detrimento de expressar emoções, de fazer o que nos dá prazer, de viver. Ela vai tentar fazer mais isso, aproveitar as pessoas, a vida, aqui, agora, falar, brincar, dizer coisas… Hoje promete isso a si própria!

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