Livro de reclamações
Ela é refilona, mais consigo própria que com os outros, tem a sua quota-parte de mau feitio, mas até hoje não tinha feito nenhuma reclamação escrita.
E porquê fazê-lo hoje? É “só” porque está a pagar um serviço do qual não pode usufruir. Ok, ela explica. O belo do telemóvel XPTO que teve que adquirir aquando da fusão da ex-empresa de comunicações de que era cliente com a atual, berrou! Desligou-se! Nem pio! Levou o equipamento ao estabelecimento onde o adquiriu e lá lhe disseram que teria que ser enviado ao hospital dos telemóveis, vulgo, a fábrica da marca. Foi-lhe facilitado um telemóvel de empréstimo e durante duas semanas assim se governou, tinha pelo menos forma de se manter em contacto.
Quando recebeu a notícia de que podia ir buscar o seu já curado equipamento, lá foi. Ligava, colocaram-lhe uma placa nova, atualização de software, enfim o paciente deixou de estar moribundo! Entregou o telefone emprestado e, ao chegar a casa, depois do cartão ter sido colocado pela pessoa que a atendeu na loja, verificou que fazia tudo, menos aquilo para que um telemóvel foi pensado: não fazia nem recebia chamadas… “Sem cartão SIM” dizia o pobre enfermo. No dia seguinte, porque naquele dia já era meia-noite, voltou à loja. Vira e mexe, o que foi, o que tem, cartão novo, blá, blá, blá, a doença é descoberta: tem um perno de ligação entre o cartão e o telefone partido. Certo… e agora? Ah e tal, achaque fora da garantia do paciente, é fim-de-semana, deixe contacto e vamos ver o que fazer.
Foi há quatro dias! Contactos??? Com ela não houve! Resolveu voltar à loja, sim, porque "a malta curte" ir a lojas onde se fica um eternidade à espera, para resolver um problema que não foi criado por si! Desfiado o rosário das maleitas do enfermo, lá foi o técnico ligar ao hospital… e ela esperou, mais de meia hora! De regresso, a mesma resposta: o caso continua a ser avaliado… ou seja, mais 1 dia, 1, 2 ou 3 meses sem telemóvel. Ok! E se ela deixar de pagar a mensalidade do contrato que tem com a empresa? Fica sem TV, telefone fixo, internet. Mas ela ficar sem telemóvel, enquanto os senhores deliberam, ai não há problema. E foi assim, lá preencheu a sua primeira reclamação no malfadado livro… pode ser que assim seja mais rápido… ou não!
Enquanto lá esteve foram atendidas mais 3 ou 4 pessoas e todas reclamaram por esta ou aquela razão. Vozes que se alteram, impropérios proferidos. Os jovens que lá trabalham não têm culpa, mas são o rosto de uma empresa que se cobra de tudo e mais alguma coisa, mas que deixa um cliente pendurado… vários clientes pendurados, pelo que ela viu! E, depois de pagarem o respetivo imposto por causa da reclamação feita, pode ser que resolvam uma avaria que veio de lá. Sim, porque quando o enfermo abandonou as mãos da dona, piscava intermitente, mas fazia chamadas e tinha cartão reconhecido!!!
Enfim, as maravilhas de viver num mundo que só funciona à lei “do falar mais alto e mais grosso”!