A morte dói. Não a nossa, não estaremos cá para o sentir… pode doer o antes, não o momento! A dos “nossos” dói.
O mundo acaba, nada faz sentido, parece que se vive uma experiência extrassensorial, não somos nós que estamos ali, não foi “a nossa pessoa” que deixou de existir! Mas foi! E aos poucos, sem sabermos como, a vida vai retomando o seu ritmo dito “normal”. Seguimos em frente e a dor vai ficando anestesiada, não esquecida, mas relegada para a gaveta mais longínqua do nosso cérebro. Porque temos que comer, beber, ir trabalhar, pagar contas, gerir a casa, ter novas alegrias e conquistas, perder outras tantas “coisas”, viver!
Neste processo vamos “aceitando” o que não pode ser “não aceite”! A nossa pessoa foi, não voltará jamais, não irá mais sentar-se no seu lugar da mesa, não irá mais ocupar o “seu” sofá em frente à TV, não irá mais ter aqueles comportamentos que nos irritavam, ou os gestos que nos afagavam. E de vez em quando, ou todos as semanas, vamos ao cemitério, limpamos a campa, colocamos flores, olhamos a foto acastanhada e lemos o nome e as datas que por baixo dela figuram. A nostalgia, saudade, dor, instalam-se, moem. E a seguir atenua de novo, a vida está fora daqueles portões de ferro para ser vivida, levada em frente. E nós vamos embora, vivê-la!
Esta foi uma manhã assim, não por ser dia 1 de novembro, mas sim por ser sábado, dia de ir ao cemitério e recordar o que ela não esquece: uma das suas pessoas foi mesmo, há muito é certo, mas a constatação parece sempre nova!