Férias...
No ar existe uma proposta de instituir agosto como o único mês de férias dos alunos. Ou então criar as chamadas “férias de outono”. Tudo porque se considera que as crianças e jovens têm demasiadas férias, é muito tempo seguido no verão. Os pais estão a trabalhar, a instituição avós nem sem sempre existe e quando existe pode nem sempre responder às necessidades de uma geração que não sabe brincar na rua, que não é autossuficiente e não saberá gerir-se em casa sem supervisão.
A realidade é que nós, pais, nem sempre sabemos “o que fazer com eles! As atividades extra são muitas, as propostas variadas, atrativas e invariavelmente dispendiosas. E nós, escola, temos programas a cumprir que “cabem” dentro do tempo regulamentar, timings instituídos para as atividades letivas e para as outras atividades de conclusão de um ano letivo e preparação de outro que a comunidade em geral desconhece, não vê. A maioria das pessoas até acha que nós temos imenso tempo de férias, somos privilegiados porque os miúdos estão em casa.
Se as férias forem “apenas” em agosto, como será feita a gestão dos dias? Os alunos continuarão a ter aulas? Mais do mesmo? Ou terão atividades lúdicas? Quem financiará essas atividades? Quem as preparará? Quem as porá em prática? As escolas, os professores, além de serem pedagogos, veiculadores de conhecimentos, psicólogos, pais emprestados, também terão que ser animadores sociais e preparar a ocupação de tempos livres? E se não forem os professores a fazer isto, haverá fundos para que alguém o faça?
Ela é mãe e quando chegam as férias tem também o dilema dos dias grandes e solarengos, repletos de minutos em que não pode acompanhar o filho! É professora também. E como tal, sabe que estes dias são necessários para uma correta gestão da escola, que há muitas tarefas a serem concluídas, que o trabalho na escola não para. O que fazer? Quem vai decidir isto de forma equitativa, justa para todos?
Em miúda os verões eram passados nas ruas do bairro onde morava, entre passeios de bicicleta, brincadeiras em casas imaginárias, circunscritas por pedras da calçada, com irmãs e vizinhas e vizinhos da zona. Eles agora não brincam na rua, não sabem fazê-lo, não é seguro… Era mais fácil nessa altura… ou talvez não!