Ensaio...

10-07-2017 14:31

    No tácito acordo daquela relação, não escrito, não assinado, não falado, não existente, os encontros eram subentendidos. As mensagens eram esporádicas, mas consistentes, ditadas pela rigidez dos dias, dos afazeres, das vontades mais ou menos declaradas, sentidas, assumidas!

    Individualmente cada um se afirmava apaixonado, não podia viver sem o outro, havia troca de textos mais ou menos “calientes”, mais ou menos sérios, mais ou menos cinematográficos, mais ou menos verdadeiros. A dois, a frieza ditada pela ausência da verbalização de um amor maior, fazia-se sentir depois do prazer físico, do preenchimento da falta de carinho, de desejo, sentida naqueles intervalos em que nada um do outro sabiam.

    Aos poucos, durante anos de vivência isolada do mundo, o que havia, fosse o que fosse, arrefeceu, as mensagens rarearam, os encontros terminaram, o anseio permaneceu. Nunca, fosse lá porque razão fosse, sequer se deram ao trabalho de conhecer locais comuns um do outro, nomes completos, moradas… E todos os dias saiam de casa à mesma hora, deslocavam-se de carro para locais opostos da cidade para o trabalho que lhes enchia, ou não, a vida. E nunca souberam que moravam na mesma rua, ali, à distância de uma caminhada pequena e um toque de campainha…

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