Ela dixit!
Hospitais e locais que tal não são, nunca foram, locais onde aprazivelmente nos desloquemos, a menos que sejamos médicos ou enfermeiros ou desempenhemos qualquer outra função que nos permita entrar e sair sem dor, sem visto e revisto.
Ela tem entrado em vários, por razões diversas, como tantos de nós. O embate é sempre proporcional àquilo que por lá se vivência e observa, mas da última visita a um destes locais ficou a sombra de dois homens, em cadeiras de rodas. Acidentes, AVC’s, qualquer enfermidade os “atirou” para aquelas silhas e os transformou em espetros, corpos amorfos com alma, olhos vivos e inquiridores, mas línguas quedas, consciências despertas ao mundo sem poder fugir da dor, do desconforto de tudo lhes ser feito, do não poder dizer: larguem-me!
Ela olhou-os e cogitou no que pensariam, se saberiam que dia era, quem estava ao lado deles, se estava calor frio, se tinham fome ou sede, se saberiam quem estava nas parangonas do jornal, o que lhes passaria pela cabeça… Ficar velho assim, mais que triste ou infeliz é injusto! Dizem que voltamos a crianças, mas nessa fase, por norma, alguém nos orienta e ajuda a crescer e temos um mundo de dias para nos tornarmos autónomos. Na velhice não… Nesta velhice, ou até juventude, quando estamos imóveis, de mente ou corpo, só podemos ser tratados, suportados! O mundo de dias escasseia, a vitalidade também. É assim, certo, ninguém cá fica, mas que é injusto, isso é!!!! Ela, pelo menos, assim pensa e assim o diz!