Afetos!!!!
Os emigrantes estão a regressar. O carinho por Portugal vê-se nos olhos brilhantes de quem estaciona o carro à porta da casa que com tanto desvelo e sofrimento conseguiu construir. A família junta manjares, sabores, sorrisos e lágrimas para acolher os seus. E ninguém se coíbe de expressar amor, dizem abertamente o que sentem pelas famílias e pelo país que não os pode, ou não soube preservar.
Nós, os que por cá ficamos, olhamos, por vezes, com curiosidade para os carros destas nossas pessoas, com as bandeiras portuguesas e dísticos de “campeões”! Estranhamos um pouco as t-shirts e calções patrióticos, porque nós por cá não temos o hábito de os usar. Nós temos mais o hábito de dizer que não, não vamos conseguir, não temos equipa, não somos fortes, não prestamos… e no fim, quando ganhamos ou fazemos “boa figura” somos os maiores e sim, “eu” sempre disse que ia ser assim.
Em afetos somos “estranhos”, altivos! Gentis e afáveis com estranhos, nem sempre com os nossos. O “Amo-te”, “Gosto de ti”, “Fazes-me falta” não nos sai espontaneamente, à maioria de nós. O “Estás bem?”, “Dormiste bem?”, um “Até amanhã!”, ou um “Fica bem!” nem sempre são iterados e nem mesmo encontram resposta quando a nós nos são desejados! Somos assim, de afetos exacerbados em certas alturas, afetos esses que damos por certos, conquistados, e que achamos que se manterão, sempre, sem os alimentar com gestos, sorrisos, ou “simples” palavras. Até ao dia em que tememos tê-los perdido…
Sejam bem vindos emigrantes, usufruam do país que vos, nos, está no coração, exprimam-se, amem quem vos ama. E nós? Os que cá vamos ficando? Digamos o que sentimos, a quem o queremos dizer! Não deixemos os afetos por expressar… isso magoa! E o tempo não é eterno para o habitual “amanhã…”!