Desfrutar do gozo da escrita tem destas assimetrias. A cabeça fervilha de ideias, comoções, emoções. O silêncio e as vivências potenciam a vontade, indigência, quiçá imperiosa, de expressar factos, dizer palavras, partilhar sons não proferidos, não deixar nada por dizer. E ao mesmo tempo nada sai. Como se as palavras se atropelassem e asfixiassem por entre as sinapses cerebrais e se entrelaçassem de forma intrincada, impossível de desatar, de construir frases, compor parágrafos!
Há momentos assim, momentos em queremos o mundo, dizer o que o coração sente e a boca, os dedos no teclado, não são capazes de acompanhar esta urgência. E de repente, sem pensar, sem esperar, sem ponderar ou colocar vírgulas, tudo se diz, sem necessidade de palavras, apenas com um toque, um olhar, um gesto. E tudo fica claro… há momentos assim!