13 anos, calça 40!
Tem 13 anos, 1m e 64cm (mais coisa menos coisa) e calça o 40. Há doze anos atrás, após completar o primeiro ano de vida com crescimento relativamente regular, foi-lhes dito que aquele bracinho que mexia menos, aquela parte esquerda que parecia adormecer, era fruto de um “buraco” na massa branca que reveste a cinzenta do cérebro!
O choque foi brutal para ela, eles. Pior pela “naturalidade” com que tudo lhes foi dito… talvez não andasse, talvez fosse “vegetal”, talvez… Nada disso aconteceu! Ela sabia que não aconteceria, ele era vivaço, olhar terno e inquiridor e fez “tudo nas alturas certas”! Andou mais tarde, sim, a parte esquerda mexeu, mexe, sempre menos… mas ela nunca duvidou que crescesse igual aos outros! E o que é ser “igual”? É ser ele próprio, nada mais que isso!
Hoje ao vê-lo estendido no sofá, onde já não cabe, ao arrumar a roupa nova que teve que lhe ir comprar, porque tudo lhe fica curto ou apertado, ao passear ao seu lado e sentir-se muito pequenina, pensa naquela médica. Aquela, a segunda que lhes falou do diagnóstico, que talvez estivesse mal disposta, talvez achasse que tinha que falar assim, ou talvez fosse mesmo só insensível e bruta, que lhe disse que tinha que fazer exames de ADN porque a culpa dele ser assim era sua.
Hoje está feliz! Ainda bem que ele é assim! Ainda bem que a culpa é dela! É lindo, fantástico, sorriso feliz, bem educado e bem formado! Tudo o que ela queria que fosse. Ainda bem que ele é assim!